O Criador, quando concebeu o universo, 13,7 bilhões de anos atrás, não se limitou a dar atenção somente ao nosso planeta, ele está presente em cada uma das 180 bilhões de galáxias, e mais, em cada um dos dez sextilhões[1] de astros.
A infinidade de outros planetas,
escolhidos pelo Criador para habita-los, são muito parecidos com o nosso, mas
não obrigatoriamente iguais. E os filhos de Deus destes planetas seguem a mesma
lei que o Criador nos impôs.
Surge aí uma pergunta para Ⓞaldo fazer ao Pai celestial... Aproveitando que o show ainda não começou,
ele pergunta com a face virada para cima. —
Meu venerado Deus, existe filhos teu fora de nosso paraíso?... Os anjos se
abrem para dar passagem de um sopro de luz, carregado de sentimento de
esclarecimentos, como um fluido, penetra em sua pálida face. Com um santo sorriso nos lábios, Ⓞaldo baixa a cabeça e dobra os joelhos lentamente
até o chão e balbucia. —
Obrigado Senhor!
O casal de suecos corre até ele e,
com afagos em suas costas, Ⓛinnea pergunta. — O que ele disse?—
Ele me contou tudo. Isso é tanto, que precisaria de um tempo infinito para lhe
contar e, farei isso. Incrível! Prosseguiu Ⓞaldo, — estou sabendo agora tudo que eu imaginava e muito
mais, por exemplo: o espaço infinito não é somente o sideral, foi criado também
o espaço infinitesimal que fica entre o que podemos ver e sentir até a espuma
quântica. Se quisermos encontrar, outros seres inteligentes parecidos com os
humanos, deveremos viajar para o universo do interior do átomo. Veja como o
sistema solar é parecido com o átomo, o núcleo com o sol e o elétron com um
satélite. A dica de Deus é viajar entre os átomos, fica infinitamente mais
perto do que viajar no espaço sideral. —
Pode parar! Disse Ⓛinnea, —
não estou mais interessada em conhecer um ser extraterrestre nem a vida deles.
Estes, sugeridos pelo Criador são muito pequeninos. Vou me dedicar, pelos
próximos mil anos a conhecer melhor as criaturas do nosso paraíso. — São alguns bilhões para conhecer! Disse Ⓞliver. — Talvez precise mais de mil anos.
—
Ei! Psiu! Vamos começar? Pergunta Ⓐi-Lin. Ansiosa para oferecer aos
presentes uma apresentação de uma música tradicional da Mongólia.
Um silêncio como resposta concedeu
a Ⓐi-Lin
entoar as primeiras notas de uma música, em que na sequencia, surge, sobre a
fogueira, o conjunto musical mais amado por ela. São três protagonistas,
solando magistralmente, seus violinos Morin Khuur que são Instrumentos musicais
de duas cordas de fios de rabo de cavalo e traz uma talha de cabeça do animal
na voluta do cabo. É tocado apoiado no chão lembrando um violoncelo. Muitas palmas e perguntas à Ⓐi-Lin
sobre suas origens e seus feitos. Ela, pacienciosamente, explicou sobre a
importância do cavalo na cultura do seu povo e falou um pouco, do pouco, que
viu de Marco Polo e, assim, passou-se boa parte da noite, o
pequeno público, escutando com muito interesse o dissertar acurado da pequena Ⓐi-Lin.
Uma jovem surna, sentada ao chão com
as pernas cruzadas e estando ao lado de Ⓣedros, pergunta a Ⓐi-Lin,
se ela viveu um grande amor na sua primeira vida, o que Ⓐi-Lin
desconversa... — Bem, isso
fica para eu te contar depois.
Ao amanhecer, numa cena de total
espontaneidade, aparece sobre um monte de folhas secas uma galinha branca com
seus doze pintinhos amarelinhos. Ela ciscando, e os pintinhos se alimentando de
pequenas sementinhas encontradas. O olhar do grupo sobre as aves gerou uma
pergunta de Ⓣedros. —
O que isso nos mostra? A primeira a responder é Ayana
que está mais perto de Ⓣedros.
— Vejo aí o amor de mãe. Na sequencia uma série de
respostas... — A união entre
os irmãos... — A mãe deixa
de comer para dar aos filhos... —
Filhos adotados recebendo muito amor... – Instinto.
Ⓣedros
e Ayana, suavemente se afastam do grupo que fica a olhar para o bucólico
cenário. Ⓛinnea
e Ⓞliver,
também se afastam, mas em sentido diferente, de mãos dadas, como sempre, buscam
um refúgio de prazer no que suas pesadas roupas caem ao chão, mostrando a nudez
dos puros. Seus corpos se entrelaçam com movimentos ondulares em que rostos,
tórax e abdômen parecem pertencer a um só corpo, corpo de quatro braços e
quatro pernas, soltos em carícias empáticas. A ausência do côncavo e o convexo,
muito desejado pelos gêneros opostos na vida terrena, não impede de o prazer
ser ainda maior. Os ventres, de uma forma siamesa, são um só, e só
separam-se, após uma subida as alturas,
passando assim, a cair com a suavidade das plumas. Adormecem na queda, acochados
e dormindo, ficam por mais de uma hora em um enorme ninho de pássaros.
Ⓞaldo, ansioso para a noite chegar,
já montou a fogueira, quer ser o primeiro a iniciar o espetáculo celestial e novamente todos juntos. Fogo
aceso.
—
Ⓞaldo não se sentou para fazer a abertura do show.
Uma pausa foi dada e ele começa a cantar
“Mandacaru, quando fulora na seca, é sinal, que a chuva chega no sertão.” Como nas noites anteriores,
ilumina-se o céu acima do fogo e surge o Gonzagão, de gibão, com sua sanfona no
peito, mostrando porque é o Rei do Baião. A plateia bate com as mãos no ritmo
da música e Ⓞaldo não perde tempo tirando Ⓐi-Lin
para dançar, mudou o visual para o momento, trocou as havaianas por sandálias e colocou um chapéu de vaqueiro na cabeça. Ⓐi-Lin, pavoneava curtindo o momento — e, apesar de todo peso de suas roupas e acessórios, não se intimidou... fez bonitinho.
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Bom texto,Gonzagão foi uma ideia perfeita.
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