I - Os três neófitos

Meu eterno Céu
Fábula


Os três neófitos
m uma paineira caduca, sentados em seus garbosos galhos, estão descontraidamente jogando conversas ao vento, 👨Oaldo, Tedros e Ai-Lin. Vamos a Roma? Disse 😇Tedros. Com as expressões de “boa ideia”, os outros dois, sem pestanejar, concordam. Como o tempo e o espaço estão muito curto, em um  estalar de dedos estão eles em Roma, local muito acessado por santos e justos regozijando-se em rodas intermináveis de alegrias e afagos. Em um panorama de luzes os agraciados fazem reverências de acolhimento aos recém-chegados, deixando, os três, mais felizes ainda, por estarem ali, Roma.


  — Já estive em Jerusalém, diz Oaldo aos dois próximos, que nunca lá estiveram. Nisso, uma clareira se abre entre os seres, surgindo um menino que vem ao encontro dos três, levitando e sorrindo, com o rosto na altura dos rostos dos recém-chegados, ele diz, fazendo as boas vindas: “Bem vindo ao nosso reino” seguido de um beijo de verdade em cada um. Quero me apresentar... Escolho o visual de menino porque foi assim que fui mais feliz na vida terrena, mas, tive uma longa vida de soldado. E vocês? Bem, me chamo 👨Oaldo Relkkoff[2], vivi a tribulação e boa parte do Milênio sem ser arrebatado, fui bastante questionado perante o Tribunal de Cristo e me saí muito bem. Fui convidado à Ceia das Bodas do Cordeiro e vário outros eventos que ocorreram na cidade celestial. Todos têm um interesse especial comigo, pois sou conhecido como “O homem que não tem pecado”. Visto-me assim, de bermuda e camiseta, porque assim foi a melhor fase de minha vida na terra. Já Tedros e 👩Ai-Lin, tão diferentes no visual, tem uma história bem diferente. Sim, me chamo Tedros[2] e vivia numa tribo da África Oriental, longe de tudo, mas meu povo era muito amável e cultuava a  receptividade.


  — Meu nome é Ai-Lin[2] e fui contemporânea de Marco Polo, que o avistei, quando de passagem na cidade onde morei. Ai-Lin ostenta um longo cabelo armado para cima e arciforme para os dois lados, formando, o que parece ser, os chifres de um carneiro. É um elaborado penteado ornado com pérolas e pedras preciosas, firme e muito bem amarrado. Ela escolheu este legendário penteado com a tradicional veste que usa, pela honrada admiração tida pela rainha mongol de sua época no século XIII.


Roma de Trajano
  Roma mostra-se, como uma cidade movimentada e festiva com soldados romanos passeando de capacetes em bronze, couraças e sandálias, porém, despojados de lanças e escudos, conversam e riem com todos que os encontram.
 😇edros[2], orgulhoso da sua tatuagem em seu ombro a mantém sempre à vista, enquanto, outros viventes se despertam para perguntar-lhe sobre o significado. O leão de boca totalmente aberta parece pronto para morder, ou, quem sabe... bocejando, se destacando em um fundo branco. A pele negra de Tedros dá mais destaque ainda, a gravura. Perguntado, se era a primeira vez que estava em Roma, Tedros balançou a cabeça confirmando. Os três caminham juntos pelas ruelas frente a fóruns e templos, param sobre a sombra do alto muro do Forum Augusti e passam a admirar a Basilica Aemilia. Um pouco mais a frente, o portão principal do fórum da passagem para uma infinidade de pessoas, diferentemente vestidos e de diferentes épocas. Falam línguas e dialetos diferentes, porém,incrível, todos se entendem, afinal não poderia ser de outra maneira. Atraídos pelo fluxo, o trio, seguem a multidão pórtico adentro e, se dão de cara, com uma polida estátua de Cléopatra Theia de tamanho real em ouro maciço. Mais adiante, destacando-se do público em geral, estão varias virgens de vestal[1], em uma roda de conversas e rizinhos. Mostram-se apegadas entre si, e, demonstram agradecimentos a deusa Vesta pela honra de as tê-las servido. Algumas martirizadas, outras nem tanto, mas todas passaram pelo sofrimento imposto por suas vidas de sacerdotisas. Vê-se nelas uma reluzente áurea de santas que na vida eterna são maravilhosamente admiradas.


  Estamos no ano 111 d.C., ano escolhido por Tedros quando da decisão de conhecer a Roma de Trajano, com a concordância de 👨Oaldo e 👩i-Lin, sem saber quem era este imperador. Aliás, não sabiam também diferenciar infinito de infinitesimal, diferença de fundamental importância na vida eterna, atrapalham-se com o tempo, momento, época e era, realmente, difícil para os neófitos. Tedros lidera este trio, pelas qualificações pessoais de seus profundos conhecimentos adquiridos em Adis Abeba. Lá, estudou história e dominava o amárico[1], que o ajudou muito em sua sanha de conhecimentos. Tedros, ainda no pátio do fórum e seduzido pelo divino cheirinho, sugere aos dois amigos, saborear panquecas de azeitonas que estavam sendo fornecidas em uma banca na “Piazza Del Mercato”.   As panquecas que faço são as melhores do paraíso! Diz a ornamentada atendente, enquanto entrega as três panquecas e sem pedir nada em troca, claro! O prazer de saborear algo tão gostoso é compartilhado com todos os probos próximos, sabendo todos, que os alimentos servem somente para o prazer da gustação. Alguns glutões, vistos pelo entorno, não param de comer, só interrompem a comilança quando estão conversando com alguém sobre culinária. A gula só foi pecado na vida terrena, e isso, enquanto havia alguém passando fome. O desejo de muitos justos de acabar com a fome na humanidade foi alcançado, somente, no governo de Jesus Cristo, logo após a sua volta no século XXI.


  Seguindo o passeio pela cidade, deixando para trás o Forum Augusti, avistam as obras do fórum de Trajano e se surpreendem com os operários que dela participam. Todos, harmonicamente trabalham com muita facilidade e demonstrando um enorme prazer no que estão fazendo. Aproximando-se de um menino que carrega uma pedra lapidada de mármore branco, 👩i-Lin pergunta ao mesmo: por que está trabalhando ao invés de estar brincando como os outros meninos? Eu brinco também, mas agora estou satisfazendo um desejo, de ser como o meu pai Dá um beijo em Ai-Lin e prossegue na sua atividade de pedreiro. São muitos trabalhando, simplesmente pelo prazer de labutar, alguns eram “workaholic”[1] na vida terrena e estão estendendo pela eternidade seu realizável desejo. Outros estão atendendo os seus sonhos de participar de uma obra histórica. Ninguém recebe salário, e sim, recebem reconhecimento pelos seus feitos. Os reconhecimentos vêm na forma de abraços, beijos e sorrisos de seus chefes, que, por sua vez, também ficam felizes por verem as realizações harmoniosamente ocorrendo.


  Oaldo avista os sábios da antiguidade grega, que, embora não cristãos, viveram virtuosamente, justificando com isso, estarem aqui no paraíso passeando por Roma. Pergunta 👨Oaldo ao mensageiro de Deus: quantos justos, abençoados e purificados vivem a eternidade? Somos trinta e oito bilhões de almas distribuídas na cronologia e no espaço do Paraíso. Tem mais... a maioria, sequer, sabia da existência de Deus, porém, tiveram uma existência terrena de “amar ao próximo como a si mesmo”. Veja o caso das crianças, muitas delas morreram antes de aprender a falar e estão aí, conosco, embelezando ainda mais a eternidade.


  O sol está se pondo e 😇edros corre por uma via sem falar nada, é seguido pelos dois amigos até que param diante de um grupo de indivíduos completamente nus, todos muito parecidos entre si. Vocês não são romanos! Afirmou Tedros com ar de pergunta. Não, não somos. Somos índios tupinambás, vivenciamos uma época, em que a natureza nos favorecia e, assim escolhemos viver a vida eterna. Temíamos Tupã, que nos mandava mensagens através de suas palavras trovoadas. Falou o mais velho do grupo.


  A noite passou. Buscando saber mais sobre o imperador Trajano, Tedros, pergunta ao mensageiro de Deus se Marcus Ulpios Traianus[2] está entre os agraciados do paraíso. Sim, respondeu o anjo. E, ele está vivendo sua melhor fase. Poderá encontra-lo casualmente por aí na idade de 30 anos como cônsul escolhido por Domiciano. Bem!... Há tempo para isso.


  Bermuda com bolso para o celular, Oaldo faz questão de usar o aparelho para fazer ligações para tempos diferentes, agora mesmo, está em uma ligação para Getulio Vargas. Quem atende é Luís Vergara[2] em um telefone de caixa de madeira com manivela de magneto e bocal de baquelite: Palácio do Catete, recepção!... Fala o secretário. Oaldo, pausa um pouco e pergunta. Poderia falar com o senhor Getúlio Vargas? Hummm... Sim, mais tarde, depois da reunião... Quem fala?! 👨Oaldo, estou falando de Roma. E, na tampa, perguntou:  talvez você possa satisfazer minha dúvida. O que levou Getúlio a merecer o paraíso, sabemos que ele era agnóstico e cometeu suicídio? Luís, político no trato com as pessoas, com o seu sotaque gaúcho de ser, respondeu: O Tchê! o julgamento é feito por Deus. O que seria difícil de entender na vida terrena, hoje, fica mais fácil. Pelos pecados, o perdão, que se não for verbalizado pode ser sentido pelo Patrão Velho, quando do arrependimento. Segue Luís: Entendo... você gosta muito de usar o celular, mas, poderia falar pessoalmente com Getúlio, aí em Roma, ele passa horas trovando com Trajano. Descobriram-se, e curtem um prazer enorme de prosear sobre os tempos... muitas vezes estive presente. Sim, é o que vou fazer. Muito obrigado, obrigado mesmo, pela sua pacienciosa atenção. Desejo a você um ótimo fim de tarde.


  👩i-Lin e Tedros estavam escutando a conversa sem entender quase nada e querem também participar dos interesses de Oaldo. Como, o mais culto dos três é Tedros, ele ajuda a planejar o encontro a ser feito com Getúlio e Trajano. Não é para hoje — diz Oaldo, vamos deixar acontecer, já que é um desejo, isso ocorrerá.


  O céu, neste mundo celestial, está mais azul do que outros dias, anjos, normalmente em grupo, cruzam de um lado para outro fazendo singelas coreografias. É um espetáculo à parte, eles fluem na atmosfera com uma suavidade angelical, ao som inebriante de Enya e Hans Zimmer, sem asas e com suas longas sobrancelhas, diferentemente do que se acreditava na mortalidade. O que se vê também, é que eles são muito jovens, alguns nus e sem órgãos genitais. Sem ter atividade humana nenhuma, eles se divertem olhando para nós. Todos têm a cor branca total, que é a soma de todas as cores, produzem um som harmônico com a música e estão sempre disponíveis para levar e trazer recados, de, e, para Deus.


  Quebrando a apatia, imposta pelo momento, 😇Tedros convida os dois companheiros a ir para a Etiópia visitar sua tribo, na época em que viveu. — Claro! Temos todo o tempo do mundo e usaremos uma fração da eternidade para sua tribo. Incrível! Ai-Lin e Oaldo falaram uníssona a frase, não deixando dúvidas sobre o deleite de visitar a Etiópia. Com a decisão tomada, em instantes, um nevoeiro cobre tudo e se descobre em seguida, deslumbrando, o vale do rio Omo. Estão no ano de 1969 sobre um trapiche, frente à aldeia em que Tedros viveu sua finitude.


Tedros está vestido com um xale amarrado a cintura, ora amarra de outras formas, mas, é assim, que sua tatuagem fica sempre vista e é reconhecida por seus conterrâneos. Quem mais chama a atenção do povo de Surma é 👩i-Lin, pelos olhos orientais, com o sulco palpebral superior bem definido e, principalmente, seu penteado na forma de chifre de carneiro.


  No largo, existente entre o trapiche e as moradas, está um fotógrafo fazendo instantâneos de jovens com as mais variadas ornamentações e pinturas no corpo. Os modelos mudam de visual em menos de meia hora, e, já estão prontos para novas estampas. As pinturas vão da cabeça aos pés, usam flores e folhas frescas, também sementes e frutos secos, tintas como, cinza com urina de vaca serve para espantar mosquitos. Aliás, as vacas são fundamentais na vida da Etiópia.


  Ao se dirigir ao fotógrafo, Tedros pergunta após cumprimentar: Você é alemão? (com o ar de que o está reconhecendo) Sim, me chamo Hans, Hans Silvester, tenho este trabalho a mais de dez anos... é o que amo fazer. Já tive a satisfação de ver sua mostra em Adis Abeba, quando lá estudava. Inesquecível para mim, pois são imagens fantásticas do meu povo.


  Próximo a Oaldo, surgem um casal de uma nuvem recém-formada e dissipada, tiram um selfie[1] e se dirigem a ele: Onde estamos? Por favor, digam-me... Na Etiópia, Vale do rio Omo, responde 👨Oaldo com expressão de obviedade, pois ela deveria saber. O feliz casal viveu vinte anos juntos, numa união cheia de atribulações, mas, o ano escolhido para viver a eternidade foi o de 2014, foi o ano em que se descobriram no amor. Usam roupas ocidentais e de inverno. São suecos. Ela, professora do ensino fundamental, ele, operário numa linha de montagem de carros. Ziguezagueando, entre os tribais, caminham pelo povoado dado as mãos e só descolando-as para tirar fotos. Viram em Ai-Lin a figura de Padmé Naberrie de Naboo, do filme “Guerra nas estrelas”. E, claro! Mais fotos com Ai-Lin que conferiu a paisagem de fundo, antes do “flash”. Parecem muito ansiosos e curiosos, querem saber mais sobre os alargadores, muito utilizados pelas mulheres em seus lábios inferiores. De motivação diferente dos botoques dos Caiapós brasileiros, os do vale do Omo, são utilizados somente por mulheres, isso, para seduzir um parceiro para o casamento; enquanto, os Caiapós os utilizam para uma boa oratória e canto, além da vaidade, e somente por homens.


  — Você sabe tudo! Disse Oaldo para 😇edros, que, satisfez o grupo com suas explicações sobre os alargadores labiais.


  O hábito de cumprimentar a todos que estão até o limite da visão e, de dar um “selinho”, nos mais próximos, fez com que Oaldo fosse em direção a uma jovem com o seu “lip plates”, belamente decorado, e lhe desse um beijo. Com incrível rapidez ela tira o ornamento para o beijo e, o coloca, com a mesma facilidade. O casal sueco não perde oportunidades, e ela não perdeu de fotografar com o seu Iphone o momento do beijo. Oaldo solicita a ela que envie a foto para o e-mail dele, pois, os três, são da mesma geração, Oaldo um pouco mais velho.


  — No momento, estamos no ano de 1969 e Tedros que está em seu tempo conhece quase todos da tribo, não todos, porque estudava na capital e, a partir daí, ficou mais por lá. Sua idade eternizada é a de 33 anos, foi quando fez pós graduação em história.


  Andando entre os seus antigos entes conhecidos e, distanciando-se de 👩i-Lin e Oaldo, Tedros parece procurar por alguém, mas, não fala nada e nem pergunta nada a ninguém; quando avista, à sombra rala de um baobá, dois jovens irmãos que suspeitou serem seus sobrinhos, a tirar leite de uma vaca. O mais novo com uma lata no chão ordenhando, e o mais velho afastando o rabo da vaca com a mão esquerda, enquanto assopra em sua vagina. A vaca parecia estar gostando, ou, talvez, acostumada com o procedimento, não estranhava. Também, Tedros não estranhou, pois conhecia muito bem o procedimento para maximizar a ordenha, mas perguntou: Vocês sabem que estão no paraíso? E, que seus direitos são iguais para os humanos e outros animais? Claro que sabemos! Isso, o que aqui fazemos é um prazer de fazer aquilo que se gosta e não prejudica ninguém e nenhum animal. Neste momento, a vaca, dá um passo lateral para aproximar o seu traseiro do menino. Tedros se despede com um selinho em cada menino e retorna para o largo principal do vilarejo... Na verdade não me lembro deles. Pensa 😇edros. Os meninos pegam a lata de leite e a levam para um belo leão de estimação beber em outra sombra próxima.


  Enquanto isso, a fogueira está sendo acesa no centro do pátio, pois a noite não demora a chegar e os moradores e visitantes a rodear o fogo, sentados no chão. Os visitantes estão diferentemente vestidos enquanto os nativos seguem a indumentária local, que assim se vestem, ou melhor, não se vestem há séculos. Na realidade eles se cobrem de pinturas e ornamentos com uma incrível facilidade, às vezes, três trocas por dia.


  Com o anoitecer, animais de hábitos noturnos, passam a se aproximar do fogo também, com ar de “me leve contigo”, eles seduzem os presentes para adota-los como animal de estimação. Com isso, garantem a vida eterna também. Os animais que possuem alguém que os adotem, além da vida eterna podem voar como os pássaros, são comuns de serem vistos elefantes voando com os urubus e anjos. Dificilmente alguém adota um urubu, mas há casos.


  Bonito de se ver é São Jorge fazendo piruetas com seu cavalo voador, o santo, não tem mais que 20 anos e somente larga de seu cavalo para conversar com os seus fiéis seguidores.


  Sentados ao chão, o casal sueco, que está entre 👩Ai-Lin e Oaldo, começam a cantar Waterloo e após alguns segundos, surge, pairando sobre a fogueira o grupo Abba, dando continuidade a música. Após aplausos, 👨Oaldo pergunta ao Tedros como que isso aconteceu. — Acho que foi, porque a nossa amiga sueca começou a cantar a música, demonstrando ser fã ou entusiasta da banda. — Gente! Devo me apresentar. — Meu nome é Ⓛinnea e de meu marido Ⓞliver e, é um prazer enorme estar junto de vocês aqui no vale do rio Omo. Sobre a fantástica apresentação de Abba nós podemos repetir com outras músicas. Precisa só ser fã e iniciar a cantar. — Posso? Perguntou Oaldo. E, assim, ficaram até o amanhecer assistindo suas bandas preferidas e o que mais emocionou o público, principalmente os etíopes, foi o musical “O Rei Leão”, em que, Julie Taymor apareceu entre o público agradecendo os aplausos com abraços e beijos.
  Amanhece e o fogo se apaga. Um leão que não era rei, aproxima-se juntamente com os meninos irmãos, enquanto o grupo começa, lentamente, a se dispersar. 😇edros os apresenta para seus amigos viajantes e oferece o leão para Ai-Lin montar. Enquanto isso, Oaldo atende uma ligação. É Luís, o secretário de Getulio Vargas, que liga do Catete para informar que seu chefe está em Roma com Trajano.


  — Estou voltando para Roma, alguém me acompanha? Ai-Lin, com movimento dos olhos “direita, esquerda” diz: Prefiro ficar mais um pouco por aqui, te esperando para irmos a Jerusalém. Os outros ficam com Ai-Lin com o mesmo propósito.
Sumiu...
  👨Oaldo reaparece no largo central do fórum de Augusti a uma pequena distância dos dois mandatários, e os interrompe se apresentando. Aparentando uns 50 anos, Getúlio parece pai de Trajano, principalmente pelo jeito que eles conversam, dando a impressão que ele tem mais o que ensinar para Trajano do que 🙋Trajano tem para ele. Getúlio se antecipa a pergunta de Oaldo e diz: — Já sei o que tenho que dizer, o Luís me falou de você, e, proseguiu, Jesus morreu por todos os nossos pecados e o pecado do suicídio está coberto pelo seu sangue, e ainda, após a bala penetrar em meu peito, naquele segundo, me arrependi, já era tarde demais para a vida terrena, mas não, para o início da vida eterna. Aqui, estou ao lado de você e de todos aqueles que merecem o paraíso com a graça de Deus. Prosseguiu: — Quando jovem e seduzido pela filosofia de Nietzsche fiz críticas ao cristianismo e a moral cristã das quais não precisei me arrepender para estar aqui; muitos cristãos, coroados pela pretensão da proteção da Bíblia não estão aqui por quê? Porque estavam maquiados de hipocrisia, com um livro sagrado em baixo do braço e a mente na busca de vantagens egoístas. Outros acumularam materiais durante a vida toda, e agradeciam a Deus pelos bens alcançados, com isso, esqueceram-se de fazerem o que realmente deveriam fazer.


  — O que há em comum com seu amigo Trajano? Pergunta Oaldo. Deixo para ele responder. Eu, como imperador deixei prosperidade para meu povo e, no fim de minha vida, me arrependi dos pecados e crueldades que também cometi, pedindo perdão a Júpiter. Estou aqui, pela universal piedade de Deus. Nada é maior do que a misericórdia de Deus! Seja qual for o nome dado a ele. A eternidade me deu, também, a felicidade de ser amigo deste admirável gaúcho e..., quem diria, de estar aqui saboreando o chimarrão com ele. Vai um agora? Perguntou Trajano ao Oaldo. Claro! Não vou perder esta oportunidade de sorver essa bebida tradicional do sul das Américas, como sabemos, indicada por Tupã aos índios Guaranis.


  Getúlio interveio, a erva aqui da eternidade é divina.


  Mateando, os três, ficaram horas proseando sentados em um degrau do fórum. Já se passavam das três da tarde quando 👨Oaldo se despede dos dois amigos e num “Puf!” retorna para a Etiópia.


  — Não posso perder essa noitada, hoje quero uma apresentação de Luiz Gonzaga em que vou dançar um baião com a Ai-Lin. Disse Oaldo ao chegar e, dirigindo-se ao Tedros pergunta: Como faço para falar com Deus? Ora, ora! é só virar o rosto para cima e falar com ele. Ele está em todos os lugares e em todos os tempos. Estou pensando o que falar... Não tenho nada o que pedir, pois tenho tudo o que quero... Agradecer... Hmmm...  Já fiz isso. Já sei, vou contar um pouco da minha vida para ele. Melhor não. Ele sabe de tudo! Virou o rosto para cima e disse: “Estou contigo e não abro... Você é o cara!”. Os anjos que estavam em semicírculo para assistir o que ele iria falar se desmancharam em risos, e uma chuva de confetes luminosos caiu sobre todos os presentes pintando de “petit Poá” o chão da aldeia.


  O fogo foi aceso e os presentes sentaram-se ao chão. A noite é uma criança.




5 comentários:

  1. Leitura leve com personagens inesquecíveis ,tenho mais três capítulos para desvendar os mistérios super moderno. Parabéns Rodolfo pelo belo trabalho ..

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  2. como faço pequenas alterações nesse começo?

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Que planta é essa? - Quem nunca se perguntou andando pela cidade ou a passeio pelo interior?
E, assim sendo, foram infinitas às vezes que me perguntei e tinha na minha frente galhos e folhas como recurso para a identificação. Para um botânico isso é fácil, o que para muita gente não é. Começamos com a classificação primária. Folhas simples ou compostas?
Como o segundo caminho temos o DESCUBRAONOME.

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